quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bullying: violência nas escolas

Bullying: o que é!
O "Bullying" é um termo de origem inglesa, que significa a agressão física ou psicológica, de forma intencional, praticada repetidamente por um aluno ou grupo de alunos sobre um colega ou grupo de alunos mais frágil.
Trata-se de um comportamento que assenta numa relação desigual de poder entre os intervenientes; ocorre repetidamente e de uma forma hostil e os alunos considerados alvos têm, normalmente, uma ou outra característica que os diferencia dos demais (usam óculos, são obesos, são os melhores ou os piores da turma, vestem ou pensam de maneira diferente, entre muitos outros motivos).
Entre as crianças e os jovens, o “bullying” pode assumir proporções graves e reflectir-se num comportamento anti-social com consequências muito sérias para o futuro, quer para os alunos agressores quer para os alunos agredidos.
Os diferentes tipos de Bullying
O "bullying" pode ser classificado de duas formas: o directo, através de violência física e o indirecto, através de agressão moral.
As crianças e jovens alvos de "bullying" são sucessivamente colocadas pelo aluno agressor em situações embaraçosas e são vítimas de alcunhas ofensivas, ameaças, discriminação, isolamento e exclusão grupal, perseguição, assédio, humilhação verbal, roubos e, por vezes, agressão física e vandalismo ou destruição dos seus bens (livros, roupas e outros pertences).
Um outro tipo recente de "bullying" é o "cyber-bullying". Neste caso, são utilizadas as novas tecnologias da informação para insultar e intimidar (por exemplo: mensagens electrónicas a colegas com o intuito de os difamar e intimidar).
Os efeitos directos do "bullying" nas escolas
O sexo masculino é o mais propenso ao "bullying", especialmente ao directo, Porém, este problema também afecta as raparigas, usualmente através de práticas de difamação e exclusão de grupos.
O "bullying" ocorre mais facilmente em escolas com uma deficiente supervisão por parte dos adultos, seja pelo número insuficiente de auxiliares de educação ou pelo excesso de alunos, e em escolas onde não há um devido acompanhamento lúdico e cultural nos intervalos e tempos livres.
Quando os alunos agressores têm condições para continuar a exercer o seu poder, todos os outros acabam por ser, directa ou indirectamente, afectados. A ansiedade e o medo acentuam-se genericamente, quando os comportamentos agressivos não trazem quaisquer consequências para os alunos que os praticam.
A falta de preparação das escolas para estes casos é problemática, Os professores assistem, muitas vezes, a actos de violência de origem pouco perceptível, que acabam por ser resolvidos com castigos a ambas as partes envolvidas. O aluno, considerado vítima, é punido por distúrbios que não causou e sente-se, geralmente, injustiçado podendo mais tarde também ele vir a ser o causador de novos distúrbios.
Principais características dos alunos envolvidos no "bullying"
Além da predisposição genética para a agressividade, algumas condições familiares podem favorecer o desenvolvimento da violência nas crianças e jovens. Os autores de "bullying" são, normalmente, alunos pertencentes por vezes a famílias com um relacionamento afectivo desequilibrado, onde os pais afirmam a sua superioridade através de comportamentos agressivos, verbais ou físicos, ou têm excesso de tolerância e permissividade na educação dos seus filhos.
Os alunos vítimas de "bullying" são, geralmente, jovens tímidos, inseguros e sem recursos físicos para se defenderem. Consequentemente, poderão baixar o desempenho escolar e tentar evitar a escola, abandonando-a precocemente. Em casos mais graves, chegam mesmo a entrar em estados depressivos.
Há ainda os alunos que são testemunhas de "bullying", que assistem e convivem com esse tipo de violência entre colegas, mas que evitam falar sobre o problema, sob pena de poderem ser as próximas vítimas, ou então porque não acreditam na capacidade da escola para intervir. Apesar de não sofrerem directamente as agressões, podem sentir-se incomodados e inseguros perante o sofrimento dos seus colegas (vítimas), o que também pode ser motivo de transtorno psicológico.
Principais consequências
Se não forem desencorajados, os alunos causadores de "bullying" poderão manter esse comportamento ao longo de toda a sua vida, seja em ambiente doméstico ou profissional, tornando-se indivíduos anti-sociais, violentos e, por vezes, criminosos.
Os alunos vítimas de "bullying" podem reagir de formas diferentes, consoante a sua personalidade e os seus relacionamentos familiares e sociais. Alguns, poderão não superar os traumas sofridos na escola e crescer com sentimentos negativos em relação a si próprios. Em idade adulta, poderão sentir dificuldades de relacionamento e até acabar por adoptar um comportamento agressivo sobre alguém que considerem mais frágil. Alguns casos extremos podem, inclusivamente, conduzir ao suicídio.
Como saber se o seu educando pratica ou é vítima de bullying
É difícil ter essa percepção, a não ser que o seu educando relate os acontecimentos ocorridos na escola. A maior parte dos actos de bullying ocorre na ausência de adultos e, muitas vezes, de forma dissimulada. A maior parte das vítimas não fala sobre a situação com os professores ou os pais/encarregados de educação, acabando por encarar a escola como um local de perigo e não de aprendizagem.
Para atenuar esta situação tente aperceber-se se existe algum sinal de "bullying" no seu filho/educando, ou seja: por exemplo, se ele é agressivo para consigo ou para com os irmãos ou outros familiares em casa sem aparente explicação ou se é excessivamente submisso. Fale com ele abertamente, para saber se se sente bem na escola. Faça­ -lhe perguntas sobre os colegas, se tem muitos ou poucos amigos e se testemunha ou é alvo ou autor de agressões físicas ou psicológicas. Mostre-se disponível para o ouvir e aconselhar. Desencoraje sempre a violência, seja como agressão, seja como defesa.
Entre em contacto com a escola e procure saber a opinião dos professores sobre o seu filho, ou seja: se ele é sociável ou se é tímido e tende a isolar-se, ou se, pelo contrário, é violento para com os colegas.
Como enfrentar o problema?
-->às crianças/jovens alvos de "bullying": aconselhe-as a ignorar as alcunhas e as intimidações morais, a cultivar amizades com colegas não agressivos, a evitar, os locais de risco na escola e a apresentar queixa aos professores, sempre que necessário. Se possível, fale com o Conselho Executivo da Escola ou com um professor que lhe pareça mais sensível ao problema e que possa acompanhar a situação, por exemplo: o Director de Turma.
-->às crianças/jovens autores de "bullying": evite os castigos e as punições físicas, que só desencadearão mais violência' Aconselhe-os a controlar a sua irritabilidade e a ocupar os tempos livres com actividades lúdicas de que gostem (desporto, jogos, música). Explique-lhes, insistentemente e ao longo do tempo, que a amizade com pessoas de diferentes personalidades pode trazer benefícios e aprendizagens úteis.
-->às crianças/jovens testemunhas de actos de "bullying": encoraje--as a intervir em defesa da vítima, fazendo queixa a um professor e não sendo conivente para com o agressor, de modo a tentar desencorajá-lo.
Identificar e tratar este problema em tempo útil, envolvendo os alunos agressores, alunos agredidos, testemunhas, professores e pais ou encarregados de educação, é, portanto, essencial como forma de prevenção e redução de casos deste flagelo social.
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