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Consciente de que é procurado por blasfémia - uma ofensa capital -, Jesus «já não anda abertamente entre os Judeus». Permanece em Betânia, perto de Jerusalém. Os preparativos para a Páscoa são cuidadosamente efectuados. «Ide à cidade», ordena Ele a dois dos seus discípulos, «e lá encontrareis um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: «O Mestre manda dizer: onde está a sala em que hei-de comer o cordeiro pascal com os Meus discípulos? Mostrar-vos-á uma grande sala no andar de cima, mobilada e já pronta.»
É impossível localizar com precisão o local onde se desenrola o acontecimento. Mas tem sido sugerido que a sala no andar de cima ficaria algures no Bairro dos Essénios, a seita judaica que deu ao Mundo os Pergaminhos do Mar Morto. Os hóspedes, quer pagassem ou não, eram em regra alojados no andar superior de uma habitação de dois pisos do Médio Oriente. Se a «grande sala» foi emprestada ou alugada, como é de supor, era sem dúvida um local respeitável. No século I usavam-se linhos de qualidade, belos pratos e travessas e requintados copos de vidro. Não eram necessários talheres; as pessoas comiam com as mãos delicadamente.
A festa da Páscoa era celebrada na primeira lua cheia da Primavera em memória do êxodo dos Judeus do Egipto, onde tinham estado prisioneiros. A refeição, no tempo de Jesus, tinha um cunho familiar, não sendo admitidos estranhos. Embora o jantar, regra geral, ocorresse a meio da tarde, a Páscoa tinha início ao crepúsculo. A ementa típica incluía um cordeiro assado servido com pão ázimo e quatro taças de vinho misturado com água. Os Evangelhos não nos dizem se Cristo e os 12 se sentavam direitos ou reclinados em pequenos canapés, prática frequente na Terra Santa. Num gesto de humildade, referido apenas por S. João, Jesus a certa altura interpõe-se aos cria dos, humedece a túnica e lava os pés dos Apóstolos. Eles estão profundamente tristes.
Sabem que este é o jantar de despedida do Senhor e que o seu mundo acolhedor e familiar se desfaz em pó. «Tenho desejado comer convosco este Cordeiro Pascal antes de padecer», dissera-lhes Jesus. Nunca menciona a cruz, instrumento desprezado de tortura física e mental. Mas sabe que no dia seguinte terá de sofrer a morte prolongada da crucificação, uma das mais cruéis punições jamais concebidas, reservada aos escravos e súbditos coloniais de Roma. Nesse entardecer, Ele não se esforça por ocultar a Sua tristeza: «Não voltarei a beber do fruto da videira.» Irá partir em viagem? Quando Pedro exprime o desejo de acompanhá-lo onde quer que Ele vá, Jesus diz-lhe: «Para onde Eu vou não podes tu seguir-Me, por agora; seguir-Me-ás depois.» E Ele escolhe este momento de tensão para instituir o ritual que dotará de uma essência duradoura a embrionária religião do Mundo.
Este acto formal dificilmente poderá ser espontâneo. Na realidade, todo o banquete parece estar concebido em torno do sacramento do pão e do vinho. A sequência é iniciada com uma simplicidade tocante: «Jesus tomou um pão e, depois de o abençoar, partiu-o e entregou-o aos discípulos, dizendo: «Tomai e comei; isto é o Meu corpo.» Depois, tomou o cálice, deu graças e entregou-o, dizendo: «Bebei dele todos, porque este é o Meu sangue, sangue da aliança que vai ser derramado por muitos para remissão dos pecados.» Desde tempos imemoriais, o sangue era a tinta que selava um pacto sagrado. Portanto, o que emerge da última Ceia do Senhor é um novo convénio - uma nova aliança entre Deus e o homem selada com o sangue do sacrifício do Salvador.
A Eucaristia enraizou-se imediata mente no culto cristão. «Fazei isto em Minha memória!» E embora persistam diferenças tanto no conceito como na forma de ministrar a Comunhão, o mistério da Ceia do Senhor permanece uma força vital para a unidade cristã. «Rezo», diz Jesus à mesa da ceia, «para que todos possam ser um.» «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós há-de entregar-Me.» O acto sublime deste acontecimento bíblico é mesclado de uma atmosfera arrepiante. Sabemos, tal como Jesus, que Judas Iscariotes O vendeu aos príncipes dos sacerdotes e aos Fariseus por 30 siclos de prata, o sufi ciente para comprar um pequeno terreno. Mas os 11 bons Apóstolos não suspeitam do negócio e a calma declaração de Jesus atinge-os como um raio, quebrando a solenidade da reunião. «Senhor, porventura sou eu?» «Porventura sou eu?»
Ao escutarmos as suas interrogações, a nossa atenção centra-se na figura enigmática do traidor. Já o conhecemos como o elemento do grupo com dedo para o dinheiro. «Ele era um ladrão e estava na posse da bolsa.» Seis dias antes da Páscoa, durante a visita de Jesus à casa de Lázaro em Betânia, ele insultara Maria, uma das duas irmãs de Lázaro, por usar um dispendioso unguento para untar os pés de Jesus. Mas embora saiba que Judas é um traidor, Jesus não o entregará. Consciente de que, segundo o grande desígnio do Pai, Judas desempenha um papel essencial, Ele toma-o sob a Sua protecção; seja feita a vontade de Deus. Por isso, quando é a vez de Judas perguntar: «Porventura sou eu, Mestre?», Cristo olha para ele e responde: «Tu o disseste.» Só então Pedro faz sinal ao jovem João - o «discípulo que Jesus amava» e que, tomado de tristeza, repousa a cabeça no peito do Senhor - para saber, em particular, quem tinha Jesus em mente.
Jesus repara no que se passa. «É aquele», diz a João num sussurro, «a quem eu der um bocado depois de o molhar.» (O «bocado», molhado num prato de ervas amargas, recordando a amargura do exílio no Egipto, é até hoje uma faceta da Páscoa judaica.) Mal recebe o bocado, Judas Iscariotes dirige-se para a porta. «O que tens a fazer fá-lo depressa, sem demora!», diz-lhe Jesus. Nenhum dos presentes compreende o significado desta súplica.
Quando Judas desaparece na noite, interrogamo-nos sobre o que o leva à denúncia. Mateus relata que, quando Judas viu que Jesus estava condenado, arrependeu-se de «ter entregue sangue inocente», atirou ao chão do templo o dinheiro manchado e enforcou-se. Tem-se especulado bastante quanto à culpa de Judas. Se ele foi um mero instrumento na mão de Deus, poderemos condená-lo? O próprio Jesus atribui a Judas suficiente livre vontade ao chamar-lhe «o filho da perdição». O Seu veredicto, por Ele pronunciado ainda à mesa, é sintomático: «Ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue; melhor seria para esse homem não ter nascido!» Deixados sós, Cristo e o seu fiel rebanho usufruem um momento de descontracção. «Filhinhos, ainda estou um pouco convosco.» São nova mente uma família unida. Jesus chama «filhos» aos discípulos, roga a Deus para que os preserve e transmite-lhes um último mandamento: «Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei.» Mais uma vez Ele fala da sua verdadeira missão: «Saí do Pai e vim ao Mundo; de novo deixo o Mundo e vou para o Pai.»
«Vê», responderam em uníssono, «agora falas abertamente e não dizes parábola alguma.» O maravilhoso e derradeiro discurso de Jesus é transcrito integralmente por S. João no Quarto Evangelho. Mas dirigiria o orador as suas palavras apenas aos Apóstolos? Ao revermos o acontecimento, quase parece que a Humanidade inteira se introduzira naquela sala e que Ele deixou a cada um de nós o Seu legado de esperança: «Digo-vos isto para terdes paz em Mim; no Mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o Mundo.» A celebração chega ao fim. Cristo e os 11 entoam em uníssono um hino - provavelmente, um dos salmos do rei David - e dirigem-se para o Monte das Oliveiras, caminhada de meia hora desde a cidade velha, através da abrupta torrente de Cédron. Aí, no Horto de Getsemani, onde tinham muitas vezes passado a noite, Jesus ora angustiado, o suor caindo-Lhe ao chão como «grossas gotas de sangue».
«Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice; não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua.» A sua hora aproxima-se. Assim, a Última Ceia é a linha divisória do Novo Testamento. Assinala o fim do ministério de Jesus e o início da Sua paixão. Quando Judas, à cabeça de um bando armado, se aproxima para O saudar com o beijo do traidor, Jesus é preso e levado. Dentro de horas, despontará um dia funesto no deserto oriental.
Fonte: Selecções Reader's Digest
A última Ceia
Numa representação humana eivada de patético e profético, Cristo envia-nos a sua mensagem de esperança.
«Tomai e comei; isto é o Meu corpo. Bebei dele todos, porque este é o Meu sangue.» Estamos em Jerusalém no mês de Nisan - Abril, aproximadamente. A atmosfera à ceia está carregada de presságio. Ouvem-se insinuações misteriosas e perguntas tímidas. A traição paira no ar. Jesus, «com o espírito perturbado», celebra a Páscoa com os seus 12 Apóstolos. Pela última vez, a vítima e o traidor partilham uma refeição. Ambos terão morrido no espaço de 48 horas. Eis a representação humana encenada nessa fatídica noite de quinta-feira, como prelúdio do julgamento, morte e ressurreição de Cristo. Registada nos Evangelhos e na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, a Ceia do Senhor ocupa um lugar crucial na nossa Páscoa. Serve de cenário à instituição da Eucaristia - do grego, «acção de graças» -, que prevaleceu como o rito central do culto cristão.Consciente de que é procurado por blasfémia - uma ofensa capital -, Jesus «já não anda abertamente entre os Judeus». Permanece em Betânia, perto de Jerusalém. Os preparativos para a Páscoa são cuidadosamente efectuados. «Ide à cidade», ordena Ele a dois dos seus discípulos, «e lá encontrareis um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: «O Mestre manda dizer: onde está a sala em que hei-de comer o cordeiro pascal com os Meus discípulos? Mostrar-vos-á uma grande sala no andar de cima, mobilada e já pronta.»
É impossível localizar com precisão o local onde se desenrola o acontecimento. Mas tem sido sugerido que a sala no andar de cima ficaria algures no Bairro dos Essénios, a seita judaica que deu ao Mundo os Pergaminhos do Mar Morto. Os hóspedes, quer pagassem ou não, eram em regra alojados no andar superior de uma habitação de dois pisos do Médio Oriente. Se a «grande sala» foi emprestada ou alugada, como é de supor, era sem dúvida um local respeitável. No século I usavam-se linhos de qualidade, belos pratos e travessas e requintados copos de vidro. Não eram necessários talheres; as pessoas comiam com as mãos delicadamente.
A festa da Páscoa era celebrada na primeira lua cheia da Primavera em memória do êxodo dos Judeus do Egipto, onde tinham estado prisioneiros. A refeição, no tempo de Jesus, tinha um cunho familiar, não sendo admitidos estranhos. Embora o jantar, regra geral, ocorresse a meio da tarde, a Páscoa tinha início ao crepúsculo. A ementa típica incluía um cordeiro assado servido com pão ázimo e quatro taças de vinho misturado com água. Os Evangelhos não nos dizem se Cristo e os 12 se sentavam direitos ou reclinados em pequenos canapés, prática frequente na Terra Santa. Num gesto de humildade, referido apenas por S. João, Jesus a certa altura interpõe-se aos cria dos, humedece a túnica e lava os pés dos Apóstolos. Eles estão profundamente tristes.
Sabem que este é o jantar de despedida do Senhor e que o seu mundo acolhedor e familiar se desfaz em pó. «Tenho desejado comer convosco este Cordeiro Pascal antes de padecer», dissera-lhes Jesus. Nunca menciona a cruz, instrumento desprezado de tortura física e mental. Mas sabe que no dia seguinte terá de sofrer a morte prolongada da crucificação, uma das mais cruéis punições jamais concebidas, reservada aos escravos e súbditos coloniais de Roma. Nesse entardecer, Ele não se esforça por ocultar a Sua tristeza: «Não voltarei a beber do fruto da videira.» Irá partir em viagem? Quando Pedro exprime o desejo de acompanhá-lo onde quer que Ele vá, Jesus diz-lhe: «Para onde Eu vou não podes tu seguir-Me, por agora; seguir-Me-ás depois.» E Ele escolhe este momento de tensão para instituir o ritual que dotará de uma essência duradoura a embrionária religião do Mundo.
Este acto formal dificilmente poderá ser espontâneo. Na realidade, todo o banquete parece estar concebido em torno do sacramento do pão e do vinho. A sequência é iniciada com uma simplicidade tocante: «Jesus tomou um pão e, depois de o abençoar, partiu-o e entregou-o aos discípulos, dizendo: «Tomai e comei; isto é o Meu corpo.» Depois, tomou o cálice, deu graças e entregou-o, dizendo: «Bebei dele todos, porque este é o Meu sangue, sangue da aliança que vai ser derramado por muitos para remissão dos pecados.» Desde tempos imemoriais, o sangue era a tinta que selava um pacto sagrado. Portanto, o que emerge da última Ceia do Senhor é um novo convénio - uma nova aliança entre Deus e o homem selada com o sangue do sacrifício do Salvador.
A Eucaristia enraizou-se imediata mente no culto cristão. «Fazei isto em Minha memória!» E embora persistam diferenças tanto no conceito como na forma de ministrar a Comunhão, o mistério da Ceia do Senhor permanece uma força vital para a unidade cristã. «Rezo», diz Jesus à mesa da ceia, «para que todos possam ser um.» «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós há-de entregar-Me.» O acto sublime deste acontecimento bíblico é mesclado de uma atmosfera arrepiante. Sabemos, tal como Jesus, que Judas Iscariotes O vendeu aos príncipes dos sacerdotes e aos Fariseus por 30 siclos de prata, o sufi ciente para comprar um pequeno terreno. Mas os 11 bons Apóstolos não suspeitam do negócio e a calma declaração de Jesus atinge-os como um raio, quebrando a solenidade da reunião. «Senhor, porventura sou eu?» «Porventura sou eu?»
Ao escutarmos as suas interrogações, a nossa atenção centra-se na figura enigmática do traidor. Já o conhecemos como o elemento do grupo com dedo para o dinheiro. «Ele era um ladrão e estava na posse da bolsa.» Seis dias antes da Páscoa, durante a visita de Jesus à casa de Lázaro em Betânia, ele insultara Maria, uma das duas irmãs de Lázaro, por usar um dispendioso unguento para untar os pés de Jesus. Mas embora saiba que Judas é um traidor, Jesus não o entregará. Consciente de que, segundo o grande desígnio do Pai, Judas desempenha um papel essencial, Ele toma-o sob a Sua protecção; seja feita a vontade de Deus. Por isso, quando é a vez de Judas perguntar: «Porventura sou eu, Mestre?», Cristo olha para ele e responde: «Tu o disseste.» Só então Pedro faz sinal ao jovem João - o «discípulo que Jesus amava» e que, tomado de tristeza, repousa a cabeça no peito do Senhor - para saber, em particular, quem tinha Jesus em mente.
Jesus repara no que se passa. «É aquele», diz a João num sussurro, «a quem eu der um bocado depois de o molhar.» (O «bocado», molhado num prato de ervas amargas, recordando a amargura do exílio no Egipto, é até hoje uma faceta da Páscoa judaica.) Mal recebe o bocado, Judas Iscariotes dirige-se para a porta. «O que tens a fazer fá-lo depressa, sem demora!», diz-lhe Jesus. Nenhum dos presentes compreende o significado desta súplica.
Quando Judas desaparece na noite, interrogamo-nos sobre o que o leva à denúncia. Mateus relata que, quando Judas viu que Jesus estava condenado, arrependeu-se de «ter entregue sangue inocente», atirou ao chão do templo o dinheiro manchado e enforcou-se. Tem-se especulado bastante quanto à culpa de Judas. Se ele foi um mero instrumento na mão de Deus, poderemos condená-lo? O próprio Jesus atribui a Judas suficiente livre vontade ao chamar-lhe «o filho da perdição». O Seu veredicto, por Ele pronunciado ainda à mesa, é sintomático: «Ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue; melhor seria para esse homem não ter nascido!» Deixados sós, Cristo e o seu fiel rebanho usufruem um momento de descontracção. «Filhinhos, ainda estou um pouco convosco.» São nova mente uma família unida. Jesus chama «filhos» aos discípulos, roga a Deus para que os preserve e transmite-lhes um último mandamento: «Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei.» Mais uma vez Ele fala da sua verdadeira missão: «Saí do Pai e vim ao Mundo; de novo deixo o Mundo e vou para o Pai.»
«Vê», responderam em uníssono, «agora falas abertamente e não dizes parábola alguma.» O maravilhoso e derradeiro discurso de Jesus é transcrito integralmente por S. João no Quarto Evangelho. Mas dirigiria o orador as suas palavras apenas aos Apóstolos? Ao revermos o acontecimento, quase parece que a Humanidade inteira se introduzira naquela sala e que Ele deixou a cada um de nós o Seu legado de esperança: «Digo-vos isto para terdes paz em Mim; no Mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o Mundo.» A celebração chega ao fim. Cristo e os 11 entoam em uníssono um hino - provavelmente, um dos salmos do rei David - e dirigem-se para o Monte das Oliveiras, caminhada de meia hora desde a cidade velha, através da abrupta torrente de Cédron. Aí, no Horto de Getsemani, onde tinham muitas vezes passado a noite, Jesus ora angustiado, o suor caindo-Lhe ao chão como «grossas gotas de sangue».
«Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice; não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua.» A sua hora aproxima-se. Assim, a Última Ceia é a linha divisória do Novo Testamento. Assinala o fim do ministério de Jesus e o início da Sua paixão. Quando Judas, à cabeça de um bando armado, se aproxima para O saudar com o beijo do traidor, Jesus é preso e levado. Dentro de horas, despontará um dia funesto no deserto oriental.
Fonte: Selecções Reader's Digest
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