A Guerra do Vietnã terminou em 1975, mas o flagelo causado pela contaminação provocada por um herbicida chamado agente laranja ainda não terminou.
"Os danos causados pelo agente laranja são muito mais graves do que qualquer um imaginava na época em que a guerra acabou", disse Nguyen Trong Nhan, vice-presidente da Associação Vietnamita de Vítimas do Agente Laranja (Vava).
Milhões de galões de agente laranja foram despejados pelos Estados Unidos no Vietnã entre 1962 e 1970. O herbicida visava desfolhar a floresta e, assim, evidenciar esconderijos de guerrilheiros vietnamitas.
O agente laranja contém um dos mais fortes venenos existentes, uma variação da dioxina chamada TCCD. Após desfolhar a floresta, a dioxina espalhava sua toxina pela cadeia alimentar - o que teria gerado vários defeitos de nascença.
Mas desde o fim da Guerra do Vietnã, Washington vem negando qualquer responsabilidade legal ou moral pelo legado tóxico que o agente laranja deixou no Vietnã.
Na aldeia de My Lai em 1968, por exemplo, na verdade estavam mirando em comunistas perigosíssimos. Apenas erraram o alvo, umas quinhentas vezes. Soldados que mais tarde testemunharam contra seus colegas sobre o episódio (provavelmente comunistas infiltrados no exército americano) contaram de um bebê que saiu engatinhando da pilha de corpos. Um dos soldados lhe explodiu a cabeça com uma pistola e jogou o resto de volta à pilha. Acidente.
A aldeia de My Lai, dizimada por acidente pelos americanos
Assim foi com o napalm, com o agente laranja, com o gás mostarda. Tudo acidente, gente. Quando a força aérea americana atacava aldeias, na verdade mirava nos vietcongues, dentro da floresta, aqueles comunistas assassinos sem coração.
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ARMAS QUÍMICAS E BIOLÓGICAS
Mas foi na Primeira Guerra Mundial que as armas químicas foram usadas em larga escala.
"Escândalo de carne contaminada derruba ministro na Holanda" (Folha de S. Paulo),
Uma das consequências: o ministro da agricultura da Holanda teve que renunciar ao governo, pois estava conscientemente importando ração de origem animal contaminada por um tipo de Dioxina potencialmente carcinogênica, proveniente da Bélgica. Vários países suspenderam as importações de produtos granjeiros provenientes daquele país. No mesmo período em Paris, na França a cadeia de lojas McDonald´s recolheu do mercado toda a sobremesa a base de leite, pois o fornecedor de produtos para a fabricação de sorvetes, era uma companhia belga. A lista de produtos derivados de animais (leite, linguiças, aves, carnes, etc) interditados em vários países da Europa chega a 1.100. Mas... O que são as dioxinas?
Dioxina
É um nome genérico dado a toda uma família de subprodutos indesejáveis da síntese de herbicidas, desinfetantes e outros. A dioxina mais comum é a tetraclorodibenzodioxina, ou 2,3,7,8-TCDD:
A estrutura da Dioxina, tecnicamente chamada de dibenzo-p-dioxina, consiste de dois anéis benzênicos conectados por dois átomos de oxigênio. Qualquer átomo de carbono do anel, que não está ligado ao oxigênio pode se ligar a átomos de hidrogênio ou a qualquer elemento . Por convenção as posições são dadas de 1à 4 e de 6 à 9. As Dioxinas mais tóxicas, contém átomos de cloro nessas posições, e uma das mais conhecidas tem átomos de cloro nas posições 2,3,7,8.
Este isomero 2,3,7,8-TCDD, é extremamente estável quimicamente, e é consideravelmente insolúvel em água e em muitos compostos orgânicos, mas é muito solúvel em óleos. A combinação das propriedades da Dioxina faz com que não seja levada pelas águas das chuvas, tornando-se um lixo ambiental cumulativo. Entretanto, como é solúvel em gorduras, significa que pode ser absorvida pelo corpo através dos tecidos gordurosos .
A Dioxina não tem utilidade para o ser humano, mas é obtida de forma indesejável, como subproduto na síntese do 2,4,5-triclorofenol e de mais alguns outros compostos.
O 2,4,5-triclorofenol serve como material de partida a produção de herbicidas, e na produção de 2,4,5-TCA( ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético) .
O ácido 2,4,5- triclorofenoxiacético é um dos principais componentes do agente laranja, desfoliante usado pelos EUA na guerra do Vietnã (para "desentocar" os vietcongs das florestas; em casa os americanos o utilizavam para combater ervas daninhas).
O 2,4,5-triclorofenol é usado na produção de hexaclorofeno, bactericida componente de desodorantes, sabonetes, e sabões. Até bem pouco tempo era também utilizado em cremes dentais (lembram-se das "listras vermelhas" do Signal antigo? Pois é...), mas seu uso para esse propósito foi descontinuado.
Em meados de 1980 ocorreu uma contaminação de 2,3,7,8-TCDD em Times Beach em Missouri, nos EUA. Foram encontrados lixos químicos contaminados com uma altíssima carga de 2,3,7,8-TCDD. Com a desconfiança de que poderia haver um possível efeito tóxico, começaram-se pesquisas a respeito.
Interessantemente, os toxicologistas, através de estudos laboratoriais com animais concluíram erroneamente que o 2,3,7,8-TCDD seria uma das substancias mais tóxicas produzidas pelo homem, e também concluíram que a exposição à apenas uma parte por bilhão ( 1 ppb) já colocava em risco a saúde humana, acarretando vários problemas tais como inflamações, impotência, mutação genética, deficiência no sistema imunológico e distúrbios no sistema nervoso, assim como também vários tipos de câncer. Essas conclusões aparentemente foram tiradas pelo uso errado de porquinhos da Índia como cobaias, que depois ficou comprovado que são hipersensíveis à droga. Além do mais, os toxicologistas aplicaram uma dose cavalar da droga nos tais porquinhos, o que invalidava completamente as suas conclusões sobre os possíveis efeitos da droga em humanos.
Entre os humanos, a única doença observada foi a clorácne, um tipo de rachadura de pele que se desenvolve logo após a exposição ao 2,3,7,8-TCDD.
Estudos epidemiológicos em trabalhadores industriais expostos ao 2,3,7,8-TCDD concluíram que a droga demoraria muitos anos para provocar efeitos carcinogêicos, mesmo expondo o trabalhador a altas doses. O poder carcinogênico do 2,3,7,8-TCDD é hoje considerado ser inferior ao do cigarro e do asbesto.
Não existe nenhuma evidência concreta de que o 2,3,7,8-TCDD causa mutação genética .
Que toxidade o 2,3,7,8-TCDD possui, devido a suas propriedades químicas?
O 2,3,7,8-TCDD tem a propriedade de se tornar um produtor de proteínas se inserido nas células do corpo: ele penetra no núcleo da célula e combina-se com o DNA, e direciona a função das células para a produção de proteínas, o que resulta finalmente em um enfraquecimento do sistema celular, inclusive o imunológico do animal exposto
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