terça-feira, 22 de setembro de 2009

TÓXICOS


A Guerra do Vietnã terminou em 1975, mas o flagelo causado pela contaminação provocada por um herbicida chamado agente laranja ainda não terminou.

"Os danos causados pelo agente laranja são muito mais graves do que qualquer um imaginava na época em que a guerra acabou", disse Nguyen Trong Nhan, vice-presidente da Associação Vietnamita de Vítimas do Agente Laranja (Vava).

Milhões de galões de agente laranja foram despejados pelos Estados Unidos no Vietnã entre 1962 e 1970. O herbicida visava desfolhar a floresta e, assim, evidenciar esconderijos de guerrilheiros vietnamitas.

O agente laranja contém um dos mais fortes venenos existentes, uma variação da dioxina chamada TCCD. Após desfolhar a floresta, a dioxina espalhava sua toxina pela cadeia alimentar - o que teria gerado vários defeitos de nascença.

Segundo Nguyen Trong Nhan, o uso do agente laranja "foi uma pesada violação de direitos humanos da população civil e uma arma de destruição em massa".

Mas desde o fim da Guerra do Vietnã, Washington vem negando qualquer responsabilidade legal ou moral pelo legado tóxico que o agente laranja deixou no Vietnã.
Na aldeia de My Lai em 1968, por exemplo, na verdade estavam mirando em comunistas perigosíssimos. Apenas erraram o alvo, umas quinhentas vezes. Soldados que mais tarde testemunharam contra seus colegas sobre o episódio (provavelmente comunistas infiltrados no exército americano) contaram de um bebê que saiu engatinhando da pilha de corpos. Um dos soldados lhe explodiu a cabeça com uma pistola e jogou o resto de volta à pilha. Acidente.


A aldeia de My Lai, dizimada por acidente pelos americanos


Assim foi com o napalm, com o agente laranja, com o gás mostarda. Tudo acidente, gente. Quando a força aérea americana atacava aldeias, na verdade mirava nos vietcongues, dentro da floresta, aqueles comunistas assassinos sem coração.
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ARMAS QUÍMICAS E BIOLÓGICAS

Armas Biológicas são armas que transportam microorganismos vivos, bactérias e/ou vírus para que, na hora do impacto, disseminem doenças contagiosas e dizimem populações inteiras. Podem causar uma pandemia (doença epidêmica amplamente difundida), porém a infra-estrutura de uma cidade fica preservada. Armas Químicas são armas que transportam substâncias tóxicas irritantes que atacam a orofaringe (uma das divisões da faringe), pele e tecidos de animais e vegetais. Muitos destes compostos, após reação, produzem ácidos muito fortes. Neste caso, a infra-estrutura de uma cidade pode ser prejudicada e possivelmente haverá contaminação do solo e do lençol freático.
As armas químicas e biológicas são as armas mais letais já concebidas pelo ser humano.
O uso de substâncias tóxicas como armas de guerra não é uma prática recente como muitos imaginam. Essa já era uma prática comum durante a antiguidade e a Idade Média. Historiadores contam que em 429 antes de Cristo, espartanos incendiavam piche e enxofre com o intuito de criar fumaça tóxica durante as guerras. Os gregos poluíam os suprimentos de água de seus inimigos com cadáveres de animais e usavam flechas envenenadas em suas guerras há mais de 2 mil anos.
Durante a dominação romana, os exércitos tinham especialistas que envenenavam as fontes de água potável que abasteciam as cidades. Além dessa tática, chegaram a utilizar germes de pessoas doentes de cólera, peste ou lepra, com o intuito de fazer com que as doenças enfraquecessem as forças do inimigo. Nos séculos XVIII e XIX, os colonizadores europeus utilizaram a mesma estratégia, introduzindo a sífilis, a gripe, a varíola, o tifo e a tularemia, para aniquilar as populações nativas de outros continentes, técnica usada também no Brasil.
Mas foi na Primeira Guerra Mundial que as armas químicas foram usadas em larga escala.
Os alemães foram os primeiros a utilizar armas químicas, entre as quais, estava o gás mostarda que asfixiava as vítimas e tinha grande poder de corrosão. No início, os aviões eram usados apenas para observação e espionagem, mas logo passaram a ser usados também para ataques aéreos.
Após a Primeira Guerra Mundial, em 1925, o Protocolo de Genebra procurou limitar o uso de armas químicas, mas elas continuaram a ser utilizadas em vários conflitos do século XX.
Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os nazistas usaram o Zyklon B e o gás cianídrico no extermínio de judeus.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, apenas os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas passaram a desenvolver armas químicas e biológicas.
Na Guerra do Vietnã em 1974, os Estados Unidos utilizaram napalm e agente laranja contra os vietnamitas com o intuito de intoxicar seus alimentos e restringir seus ataques. As conseqüências do ataque ainda são visíveis nos corpos deformados e debilitados dos habitantes desse país.
O napalm é uma mistura de gasolina com uma resina espessa da palmeira e que, em combustão, gera temperaturas a 1.000ºC. Se adere à pele, queima músculos e funde os ossos, além de liberar monóxido de carbono, fazendo vítimas por asfixia. O agente laranja é um herbicida que derruba as folhas das árvores. Foi chamado assim porque era guardado pelos soldados em tonéis cor-de-laranja. Na década de 80, quando Irã e Iraque começaram a dispor cada um de um arsenal bioquímico, é que o assunto tomou sua devida relevância nas discussões internacionais.
Em 1995, integrantes de uma seita apocalíptica promoveram um ataque a um trem do metrô de Tóquio. Eles levaram gás sarin dentro de sacos plásticos, escondidos embaixo do banco. Quando deixaram os vagões, os terroristas furaram os sacos plásticos. O ataque causou a morte de 12 pessoas e deixou cinco mil feridos. O gás sarin, provoca sangramentos e vômitos, que levam à morte. O sarin pode matar em questão de minutos, após a exposição. A substância penetra no corpo por inalação, ingestão, ou também pelos olhos, ou pela pele.
O mais recente uso de arma biológica foi a contaminação por antraz, ocorrida nos Estados Unidos, após os ataques desse país ao Afeganistão, na busca pelo terrorista Osama bin Laden. Esporos da bactéria Bacillus anthracis foram enviados por carta para políticos e profissionais da imprensa. Quatro pessoas morreram e 13 contraíram antraz.

"Escândalo de carne contaminada derruba ministro na Holanda" (Folha de S. Paulo),
Uma das consequências: o ministro da agricultura da Holanda teve que renunciar ao governo, pois estava conscientemente importando ração de origem animal contaminada por um tipo de Dioxina potencialmente carcinogênica, proveniente da Bélgica. Vários países suspenderam as importações de produtos granjeiros provenientes daquele país. No mesmo período em Paris, na França a cadeia de lojas McDonald´s recolheu do mercado toda a sobremesa a base de leite, pois o fornecedor de produtos para a fabricação de sorvetes, era uma companhia belga. A lista de produtos derivados de animais (leite, linguiças, aves, carnes, etc) interditados em vários países da Europa chega a 1.100. Mas... O que são as dioxinas?

Dioxina

É um nome genérico dado a toda uma família de subprodutos indesejáveis da síntese de herbicidas, desinfetantes e outros. A dioxina mais comum é a tetraclorodibenzodioxina, ou 2,3,7,8-TCDD:
A estrutura da Dioxina, tecnicamente chamada de dibenzo-p-dioxina, consiste de dois anéis benzênicos conectados por dois átomos de oxigênio. Qualquer átomo de carbono do anel, que não está ligado ao oxigênio pode se ligar a átomos de hidrogênio ou a qualquer elemento . Por convenção as posições são dadas de 1à 4 e de 6 à 9. As Dioxinas mais tóxicas, contém átomos de cloro nessas posições, e uma das mais conhecidas tem átomos de cloro nas posições 2,3,7,8.

Este isomero 2,3,7,8-TCDD, é extremamente estável quimicamente, e é consideravelmente insolúvel em água e em muitos compostos orgânicos, mas é muito solúvel em óleos. A combinação das propriedades da Dioxina faz com que não seja levada pelas águas das chuvas, tornando-se um lixo ambiental cumulativo. Entretanto, como é solúvel em gorduras, significa que pode ser absorvida pelo corpo através dos tecidos gordurosos .

A Dioxina não tem utilidade para o ser humano, mas é obtida de forma indesejável, como subproduto na síntese do 2,4,5-triclorofenol e de mais alguns outros compostos.

O 2,4,5-triclorofenol serve como material de partida a produção de herbicidas, e na produção de 2,4,5-TCA( ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético) .

O ácido 2,4,5- triclorofenoxiacético é um dos principais componentes do agente laranja, desfoliante usado pelos EUA na guerra do Vietnã (para "desentocar" os vietcongs das florestas; em casa os americanos o utilizavam para combater ervas daninhas).

O 2,4,5-triclorofenol é usado na produção de hexaclorofeno, bactericida componente de desodorantes, sabonetes, e sabões. Até bem pouco tempo era também utilizado em cremes dentais (lembram-se das "listras vermelhas" do Signal antigo? Pois é...), mas seu uso para esse propósito foi descontinuado.

Em meados de 1980 ocorreu uma contaminação de 2,3,7,8-TCDD em Times Beach em Missouri, nos EUA. Foram encontrados lixos químicos contaminados com uma altíssima carga de 2,3,7,8-TCDD. Com a desconfiança de que poderia haver um possível efeito tóxico, começaram-se pesquisas a respeito.

Interessantemente, os toxicologistas, através de estudos laboratoriais com animais concluíram erroneamente que o 2,3,7,8-TCDD seria uma das substancias mais tóxicas produzidas pelo homem, e também concluíram que a exposição à apenas uma parte por bilhão ( 1 ppb) já colocava em risco a saúde humana, acarretando vários problemas tais como inflamações, impotência, mutação genética, deficiência no sistema imunológico e distúrbios no sistema nervoso, assim como também vários tipos de câncer. Essas conclusões aparentemente foram tiradas pelo uso errado de porquinhos da Índia como cobaias, que depois ficou comprovado que são hipersensíveis à droga. Além do mais, os toxicologistas aplicaram uma dose cavalar da droga nos tais porquinhos, o que invalidava completamente as suas conclusões sobre os possíveis efeitos da droga em humanos.

Entre os humanos, a única doença observada foi a clorácne, um tipo de rachadura de pele que se desenvolve logo após a exposição ao 2,3,7,8-TCDD.

Estudos epidemiológicos em trabalhadores industriais expostos ao 2,3,7,8-TCDD concluíram que a droga demoraria muitos anos para provocar efeitos carcinogêicos, mesmo expondo o trabalhador a altas doses. O poder carcinogênico do 2,3,7,8-TCDD é hoje considerado ser inferior ao do cigarro e do asbesto.

Não existe nenhuma evidência concreta de que o 2,3,7,8-TCDD causa mutação genética .

Que toxidade o 2,3,7,8-TCDD possui, devido a suas propriedades químicas?

O 2,3,7,8-TCDD tem a propriedade de se tornar um produtor de proteínas se inserido nas células do corpo: ele penetra no núcleo da célula e combina-se com o DNA, e direciona a função das células para a produção de proteínas, o que resulta finalmente em um enfraquecimento do sistema celular, inclusive o imunológico do animal exposto

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