Mais de 17 mil pessoas deixam suas casas pela chuva em SC
Novos dados da Defesa Civil, publicados nesta quarta-feira, indicam que crescem as consequências para a população de municípios do Estado de Santa Catarina atingidos pelo temporal dos últimos dias. Os ventos, que durante o fenômeno chegaram a 200Km/h, fizeram 15.729 moradores buscar refúgio na casa de amigos ou parentes, enquanto mais de 1.300 ficaram desabrigados e foram encaminhados a abrigos das prefeituras locais. Até agora, foram registrados pelo órgão 165 feridos e quatro mortes. O total de pessoas afetadas pelas chuvas e vendavais é de 79.221.
A Defesa Civil informou também que dos 55 municípios catarinenses atingidos, 23 declararam estado de emergência. O município de Guaraciaba, no extremo oeste do Estado, que teve o cenário mais grave de destruição devido à passagem de um tornado, declarou estado de calamidade pública.
A compra de lonas plásticas, telhas e colchões foi autorizada para atender às vítimas. Além disso, o apoio da Secretaria Nacional da Defesa, com o fornecimento de cestas básicas, e da Polícia Militar (PM), com o envio de remédios, tenta minimizar os danos causados à vida dos habitantes da região.
Pane e chuva causam atrasos no aeroporto de Florianópolis
Fabrício Escandiuzzi
Direto de Florianópolis
Uma aeronave que seguia de Curitiba para o Aeroporto Internacional de Guarulhos sofreu uma pane logo após a decolagem e precisou pousar em Florianópolis na manhã desta terça-feira. De acordo com as informações prestadas pela própria companhia, um problema mecânico fez com que o voo Gol 1841, que tinha chegada prevista no aeroporto paulista para as 9h05, precisasse alterar sua rota para o Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Parte dos passageiros foi encaminhada a hotéis e outros aguardam para embarcar por volta das 19h.
"Quando aterrissamos, fomos informados para permanecermos no avião, pois uma falha deveria ser corrigida", contou a passageira Heidi Vargas. "Mas estamos até agora aqui e com poucas informações."
Além do problema com a aeronave, o mau tempo causou atrasos e cancelamentos de voos que tinham como destino a cidade de São Paulo e a região oeste de Santa Catarina. O voo Gol 1295, com saída prevista para as 8h50 para Congonhas, deixou Florianópolis com cinco horas de atraso. O TAM 3102 só decolou para São Paulo às 13h20, três horas após o previsto. Três partidas foram canceladas, segundo os dados da Infraero.
O empresário Divaldir Dalla, que deixou a cidade de Ribeirão Pires (SP) e foi a Santa Catarina de bicicleta, havia sido informado que seu retorno a São Paulo poderia atrasar. "Avisaram que o atraso mínimo é de uma hora", disse ele, ainda assustado com o temporal da madrugada. "Ficamos sem luz no hotel por várias horas e o barulho da água foi assustador."
A situação também ficou ruim para quem pretendia viajar para Chapecó, no oeste de Santa Catarina, região mais afetada por um forte temporal durante a madrugada. Os dois voos com destino à cidade, da Gol e da Ocean Air, não têm previsão de decolagem. No terminal, a informação é para que os passageiros procurem as companhias áreas
Chuvas em SC podem ser um dos sinais do El Niño
Em São Miguel, um portão foi arrancado por causa do vento |
Fabrício Escandiuzzi
Direto de Florianópolis
As chuvas e os ventos de 200 km/h que deixaram quatro mortos e trouxeram prejuízos a 42 cidades em Santa Catarina podem ser um dos primeiros sinais da atuação do fenômeno El Niño na temporada. De acordo com a meteorologista Francine Gomes, do Centro de Informações de Recursos Ambientais do estado (CIRAM), este é um primeiro sinal de que o sistema está atuando. "O sistema atua com intensidade na primavera e estamos com dias bem caracterizados dessa estação, apesar de ainda estarmos no inverno", disse.
A presença do El Niño em 2009 motivou um estudo do Ciram, devido ao histórico de consequências climáticas desastrosas relacionadas à sua presença em anos anteriores. As duas maiores enchentes da história de Santa Catarina ocorreram em anos em que o sistema atuou de forma intensa no sul do Brasil: 1911 e 1938. "Entretanto, em anos que o fenômeno ocorreu de forma moderada também enfrentamos problemas com as cheias", alerta.
Pelo estudo divulgado pelo órgão catarinense, desde o mês de maio último a temperatura de superfície do mar (TSM) do oceano Pacífico vem apresentando aquecimento acima dos valores habituais. Desde então, com o aumento gradativo da temperatura, o El Niño está configurado.
Os meteorologistas do Ciram afirmam que estão acompanhando o desenvolvimento do sistema, que tem como principal característica causar chuvas acima da média, principalmente entre os meses de outubro e novembro. A região oeste de Santa Catarina, justamente a mais afetada pelo temporal desta segunda-feira, registra chuva acima da média durante as atuações do El Niño. "O último El Niño de intensidade moderada a forte ocorreu entre 2002 e 2003. Os eventos de 1997/1998 e de 1982/1983 foram considerados os mais fortes do século XX", afirma o estudo.
Pelo menos até a última análise dos meteorologistas, realizada em agosto, o El Niño presente este ano mesmo em sua fase inicial, se apresenta como uma sistema de "baixa intensidade", causando o aquecimento de um grau no oceano Pacífico. Mas a situação ainda pode se agravar. "A previsão é do fenômeno alcançar o auge de sua ocorrência no final de 2009 e início de 2010. Para fins comparativos, o forte El Niño de 1997/98, em agosto, estava com temperaturas em torno de 2°C acima da clima", completa o estudo do Ciram.
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